Em primeiro lugar precisamos entender o que significa o termo quarentena. Quarentena é a reclusão de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local em que se encontrava a fonte de infecção. Traduzindo seria uma espécie de isolamento das pessoas por um determinado período para que o mesmo não se contamine ou contamine alguém. O chamado “isolamento social”.
Com a crise do corona vírus no Brasil a maioria das cidades adotaram medidas de isolamento nas quais implica no apelo para que as pessoas fiquem em casa e para forçar esse “fique em casa” algumas medidas foram adotadas de forma autoritária e porque não dizer ditatoriais por meio de decretos, nos últimos meses choveu decretos no Brasil nas três esferas do poder executivo: Federal, Estadual e Municipal, decretos esses editados sem nenhum tipo de consulta entre as partes envolvidas e/ou interessadas feitos de formas bem ditatorial editados de cima para baixo e o pior a maioria esmagadora foram feitos sem nenhuma análise técnica, sem ponderar os efeitos colaterais. O remédio para matar a doença, não pode matar a paciente junto. A conversa é o clichê de sempre “é para o seu bem”, “é para preservar as vidas”, mas a verdade é que as medidas de isolamento social adotadas em vários lugares está empobrecendo gradativamente as pessoas e causando doenças “talvez” ainda piores como a depressão e não são raros os casos de suicídio em decorrência disso.
Uma pesquisa, resultado de parceria de economistas e médicos sanitaristas do Brasil e Reino Unido, constatou que, a cada ponto percentual de aumento na taxa de desemprego, a mortalidade sobe 0,5 pontos percentuais. São mortes que poderiam ser evitadas, dizem os autores. Os autores do estudo, publicado por uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo voltadas para saúde, a Lancet Global Health, compararam dados de mais de cinco mil cidades brasileiras. Segundo este estudo não é pudente fechar tudo e alegar que é para salvar vidas, porque o feito do fechamento a longo prazo é desastroso.
Logo abaixo conto uma experiência pessoal que me deixou pensativo a respeito do assunto e em levou a fazer certos questionamentos.
Fui a Simão Dias-Se hoje (14/07/2020) na esperança de encontrar alguma loja aberta para comprar uma roupa para minha filha, pois hoje é o aniversário dela.
Achei uma loja com um aviso na porta para vendas on-line e com quatro dedos da porta aberta. Fui convidado para entrar em sigilo, a dona me confidenciou que está em apuros financeiramente por isso está abrindo de forma clandestina atendendo de um cliente por um com a porta fechada ela insistiu com a única funcionária para não esquecer de fechar a porta pois a prefeitura está multando as lojas que estão abertas clandestinamente.
Lembrando que a loja só tem uma funcionária junto com a dona, portanto duas pessoas entrando um cliente por vez no caso eu estava com minha filha totalizando assim quatro pessoas dentro da loja, só pra registrar todos estavam usando máscaras e em nenhum momento houve algum tipo de contato físico.
Sendo coerente e deixado a politicagem de lado responda para você mesmo os seguintes questionamentos: Que risco há no funcionamento da loja citada? A quem de fato interessa o fechamento do comércio? Quem vai sustentar esses pequenos comerciantes a beira da falência?
Na contramão disso a feira livre de Simão Dias-Se está em plano funcionamento devidamente autorizado pelas autoridades políticas e sanitaristas sergipanas. Não há dados da quantidade de pessoas “aglomeradas” nos dias de feira (quarta/sábado), mas pela quantidade de ônibus e carros estacionados nas redondezas nos dias de feira advindos das dezenas de povoados do município bem como dos municípios vizinhos é possível imaginar que não são poucas isso sem contar os locais que vão a pé. Simão Dias tem 41 mil habitantes (IBGE 2018) imaginemos que 10% da população freqüente a feira regularmente, contando os visitantes de outras cidades, e os trabalhadores da feira é possível fazer uma estimativa. Com base nesses dados é possível afirmar sem medo de errar que no mínimo uma média de 5.000 pessoas circulam da feira de Simão Dias pelo menos no sábado que é o dia de maior movimento.
Traduzindo o pensamento das autoridades locais, uma loja com quatro pessoas é aglomeração e precisa ficar fechada e uma feira com estimados 5.000 é normal e pode funcionar.
Essa forma de pensar é um tanto quanto estranha. Lembrando que não há nenhum cuidado por parte do poder público para o funcionamento da feira, não tem nenhum posto ou funcionário das secretarias de saúde estadual ou municipal para orientação ou fiscalização do uso de máscaras, álcool em gel e/ou distanciamento. Na feira se alguém tem tomando cuidado isso é por conta própria, mas não são raros os casos, na verdade é a maioria usando máscaras no queixo, pendurada no braço, na cabeça, no bolso e onde mais a criatividade puder levar tal indivíduo.
Sendo assim não é difícil concluir que as medidas de isolamento do governo são artificiais e pouco para prática e ainda pouco eficientes, praticamente nulas sem nenhuma eficácia comprovada. As medidas sanitárias seguem apenas o efeito manada, já que todos estão fazendo vamos fazer também, mas sem avaliar critérios técnicos e nem tão pouco a sua eficácia efetiva.
Na mídia os governantes repetem a mesma ladainha, “vamos preservar as vidas, amamos as vidas, estamos cuidando das vidas”, mas tais frases de efeito não refletem a realidade, porque forçar um pequeno comerciante a permanecer fechado é na verdade um desserviço à população e não um cuidado. A falência tem levado pessoas a situações desespero devido ao endividamento e a falta dinheiro para o básico dentro de sua casa.
Está na hora, na verdade já passou da hora de abrir o comércio, não podemos ter dois pesos e duas medidas. É óbvio que a abertura deve ser gradual e obedecer a critérios, mas é possível sim minimizar os riscos de contágio e reabrir o comércio para tirar esses pequenos comerciantes do sufoco.
Em suma podemos dizer que o comércio fechado tem a boa intenção de preservar as vidas, mas os efeitos colaterais tem sido danosos e já é hora de reavaliar está situação..
Reinaldo Valverde Pereira ou simplesmente Professor Valverde é Licenciado em História e Bacharel em Teologia atua como Professor da Rede Estadual de Sergipe.