As dívidas das famílias de Aracaju apresentaram uma leve redução no mês de dezembro de 2019, segundo dados do Departamento de Economia do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac de Sergipe. O órgão analisou os números da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor e concluiu que o coeficiente de endividamento recuou – 0,4% em relação ao mês de novembro de 2019, passando de 69,5% a 69,1%. Foram 136.878 famílias as que afirmaram estar endividadas durante o mês. O número representa 756 famílias a menos do que o índice do mês anterior (de 137.634 unidades familiares). Se comparado às demais capitais brasileiras, o número é superior, já que a média nacional é de 65,6%.
Em entrevista, o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, Laércio Oliveira, comentou que o resultado foi o contrário do esperado pelos especialistas: “A elevação no número de famílias endividadas em dezembro, no momento de recuperação econômica do estado era esperada, mas aconteceu o contrário. A oscilação de crescimento estava em nossas expectativas, pois existem fatores que influem para isso, como as compras a prazo feitas no comércio, mas a redução foi interessante. Dezembro é o mês com maior volume de movimentação das lojas e as pessoas estão comprando mais de modo parcelado, para investir mais, sem gastar muito dinheiro de uma vez, atendendo seus interesses e pagando de acordo com o prazo que lhe agrada. Isso também é resultado da entrada de novos consumidores no mercado, já que o estado gerou mais de 7 mil empregos entre setembro e novembro. Essas pessoas também fazem compras a prazo. A leve redução no endividamento do consumidor indica que nosso comércio movimentou mais vendas, pois o consumidor fez compras e administrou melhor o seu dinheiro”.
Outros fatores relevantes para o recuo no número de endividamentos são as novas formas de créditos oferecidos pelas instituições financeiras, como a possibilidade de contratar um empréstimo para negativados que permite que pessoas inadimplentes tenham acesso a um volume de dinheiro que lhes dá a oportunidade de quitar parte de suas dívidas, e também ações como o mutirão de renegociação de dívidas organizado pelo Procon de Sergipe no ano passado, quando mais de 90 instituições financeiras se juntaram para ajudar os cidadãos a solucionarem suas dívidas, baixando os juros e parcelando em mais vezes as quantias a serem pagas.
De acordo com o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, o cartão de crédito continua sendo o grande causador do endividamento dos consumidores. Como é possível parcelar as compras, é previsível que este tipo de pagamento seja mais usado e gere mais dívidas familiares. O estudo concluiu que 92,7% das famílias usam o cartão de crédito para compras parceladas e se comprometem assim com dívidas futuras. As dívidas também vêm dos carnês de crediário (20,2% dos entrevistados) e do cheque especial (13,1% das famílias).
Entre as famílias inadimplentes, o atraso médio no pagamento é de cerca de 62 dias e quase metade dos entrevistados (42,6%) leva mais de 90 dias para regularizar sua situação financeira. 27% dos entrevistados conseguem quitar seus compromissos em menos de 90 dias e 22,9% solucionam suas dívidas dentro de 30 dias. Os que não sabem dizer o tempo de seus compromissos financeiros somam 7,5%.