Há 15 dias, quando ainda estava na linha de frente do combate ao novo coronavírus, em Sergipe, a enfermeira Maria Valdinete da Silva, 40 anos, não imaginava que passaria o domingo (10), Dia das Mães, trancada no quarto de casa, após contrair a doença.
“Trabalhei na sexta-feira com um médico e na terça já estava com dor de cabeça e moleza no corpo. Chegando no plantão, soube que o médico da sexta tinha testado positivo. Fiz o exame com medo, por causa da minha filha, e o resultado foi positivo. Imediatamente me isolei e na quinta-feira minha filha testou positivo”, conta a enfermeira.
Há 11 anos, a alagoana foi aprovada em um concurso do Estado, atualmente trabalha no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), e fixou residência em Aracaju. Há dois meses, antes de pegar licença do trabalho em Penedo, onde também é concursada, assumiu outro trabalho na Unidade de Pronto Atendimento Zona Sul, no Bairro Farolândia.
“Apesar de todos os cuidados, fui infectada pela Covid e por consequência infectei minha filha. Não foi falta de cuidado, não foi falta de EPI em nenhum momento. Em casa, tomava banho na garagem, mesmo assim infectei minha filha. Peço a todos que permaneçam em casa, que pensem na sua família e em nós profissionais”, pede.
Já são 13 dias de isolamento, maior parte desse tempo dividindo o mesmo quarto com a menina, que sonha em seguir a mesma profissão da mãe. “Desde bem pequena, ela dizia querer ser enfermeira. Assim que veio para o isolamento, junto comigo, ficou mais feliz. Antes do diagnóstico, ela ficava me olhando na garagem lendo histórias e conversando comigo”, conta.
Valdinete não tem dúvida que o isolamento ficou mais leve com a presença da filha que fazia de tudo para não deixar a mãe sentir-se culpada.
A segunda-feira (11), será ainda mais especial para mãe e filha. As duas vão deixar o isolamento e começam a retomar a rotina, seguindo os protocolos de segurança. “A secretaria informou que minha filha sai junto comigo, porque está sem sintomas e acredita-se que pegou a doença no mesmo período que eu. Aí quando for na segunda, ela pode sair do quarto, mas não pra rua”, explica.
A enfermeira diz que não vê a hora de voltar ao trabalho e ajudar a salvar vidas. “Já, já vou voltar para a linha de frente combatendo esse vírus junto com a minha equipe”, diz emocionada.
Por G1 Sergipe