Segundo a ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetais, o Brasil em 2019 deverá produzir 119,50 milhões de toneladas de soja, número muito próximo da produção ocorrida em 2018, que é o recorde histórico. Nesse ano, o Brasil produziu 118,8 milhões de toneladas.
Em 2017, nosso país detinha a segunda posição mundial em produção de soja, sendo o primeiro posto ocupado pelos Estados Unidos, entretanto, com o fechamento da safra, o Brasil deverá ultrapassar os norte-americanos, senão ainda este ano, com certeza em 2019.
Sendo um dos principais produtos de exportação do Brasil, a soja nos últimos anos tem sido vendida para muitos países, com destaque para os seguintes mercados: China, Espanha, Holanda, Irã, Rússia, Turquia, Paquistão, Tailândia, Portugal e Alemanha.
A China, por sua vez, é o maior consumidor mundial de soja, em função da sua extensa população e, além de possuir uma produção pequena, a soja chinesa peca pela qualidade, o que leva os comerciantes daquele país a buscarem alternativas via importação. A soja, que é um alimento destinado aos humanos, também é muito utilizado para a alimentação de gados, portanto, é peça fundamental para a economia de muitos países.
Segundo o Portal Notícias Agrícolas, o Jornal Clarim da Argentina informa que existem tendências da produção de soja ser reduzida ainda mais na China, concentrando os esforços produtivos do segmento agroalimentar em outros produtos como a carne suína, bovina e o leite. Portanto, existem grandes possibilidades da China vir a aumentar ainda mais a importação da soja.
A guerra fiscal entre os Estados Unidos e a China
As decisões tomadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxeram grandes problemas aos produtores de soja do seu país. O presidente Trump resolveu taxar os produtos chineses importados pelas empresas norte-americanas e, como resposta, obteve a retaliação, quando o governo da China, através do seu presidente Xi Jinping, fez o mesmo com 500 produtos que importavam dos Estados Unidos, e a soja é um deles.
Esta atitude aproximou chineses e brasileiros, uma vez que o valor da soja norte-americana tornou-se inviável em função das taxas, o que permitiu ao Brasil exportar grandes quantidades do produto para a China. É importante lembrar que o maior parceiro de negócios do Brasil no mundo atualmente é a própria China.
Os Estados Unidos e a China buscam um acordo que possa atender as expectativas dos dois países, uma vez que são hoje os que detém o comando econômico global. Mas, o Brasil pode e deve ser prestigiado pelo país asiático, que tem grandes interesses em solidificar os relacionamentos econômicos e financeiros com o nosso país.
O que esperar como resultado do conflito tarifário?
Certamente, o Brasil sai fortalecido da guerra fiscal entre os Estados Unidos e a China, mesmo considerando-se um alinhamento de objetivos entre as duas potências. A China já se mostrou interessada em intensificar ainda mais os relacionamentos comerciais com o nosso país.
O Jornal do Commércio, a partir das informações de Marcos Jorge de Lima, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, relata parte da entrevista, quando diz:
“O que nós levamos para o governo chinês, quando da reunião bilateral que tivemos entre o presidente Temer e o presidente Xi Jinping em Joanesburgo, na África do Sul, foi a possibilidade da China estar abrindo a porta para derivados de soja, como óleo e soja moída. Estamos atentos e tomando medidas para que não tenhamos prejuízos às nossas exportações.”.
Até agora a proximidade comercial entre China e Brasil parece não ter afugentado os norte-americanos. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, o presidente americano Donald Trump foi um dos primeiros a telefonar para felicita-lo e já demonstrou interesse em estar presente e sua nomeação que acontece em janeiro de 2019.
O Brasil e as exportações
Segundo o pesquisador da Swarthmore College, Gustavo Oliveira, mesmo diante de situações que possam favorecer o Brasil, quando o assunto é mercado internacional, a realidade é que exportamos commodities de baixo custo, ou seja, matéria-prima como soja, açúcar e minério de ferro, e somos grandes importadores de produtos manufaturados com alto valor agregado.
O Brasil precisa migrar para o grupo de exportadores de produtos manufaturados, sem desprezar os commodities como a soja, por exemplo. O país possui capacidade técnica e domina tecnologias que poderiam nos colocar em outro patamar no mercado internacional, mas, as dificuldades e a burocracia impedem um avanço mais significativo nesta área.