Encontro realizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nossa Senhora da Glória, no último dia 12, reuniu gestores público e produtores para apresentarem as medidas concretas voltadas para a adequação dos laticínios e queijarias artesanais às normas técnicas que atendam às condições sanitárias e ambientais de produção do queijo e outros derivados do leite no Alto Sertão. O encontro também serviu para mobilizar os queijeiros e saber quais destes pretendem regularizar a situação. Segundo o secretário de estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, a região tem mais de 120 queijarias cadastradas e 67 dessas já apresentaram interesse em fazer os ajustes exigidos.
Importância da bacia leiteira
A região do Alto Sertão é uma das maiores bacias leiteiras do Brasil e se diferencia das demais pela sua produção que circula internamente envolvendo a participação de grandes laticínios e pequenas e médias queijarias. A Secretária Municipal da Agricultura de Nossa Senhora da Glória, um dos organizadores do encontro, destaca a importância do setor para a economia. “O leite com certeza é base da economia do nosso município e de todo o Alto Sertão sergipano. Posso dizer que nossa cidade é pecuária e que aqui não existe êxodo rural. As pessoas saem da zona urbana para o campo. São mais de quatro mil produtores em torno do município, e hoje conseguimos gerar só em Glória, por semana, uma média de R$ 1 milhão e meio só na compra do leite. Com certeza o município produz o dobro do montante, destaca o secretário municipal da Agricultura, Dijalcir Ferreira de Aragão.
O problema da regularização
Para o estado, o processo de regularização das queijarias é um ponto crucial para o crescimento e qualificação da produção de laticínios e consequentemente de toda a cadeia produtiva do leite no Alto Sertão. De acordo com o secretário Esmeraldo Leal, existem mais de 120 pequenas e médias queijarias de gestão familiar que funcionam de forma precária, e que necessitam ser fiscalizadas e orientadas. “Nós tivemos uma mobilização muito forte das queijarias do Alto Sertão sergipano, principalmente provocada pela ação da FPI – Força Tarefa criada pelo Ministério Público que questionou forte a forma de produzir o queijo no sertão sergipano. Ficou claro naquele momento que temos boas iniciativas, boas experiências, estruturas complexas e bem montadas que garantem a qualidade, mas também foram identificadas algumas queijarias com problemas de adequações.
Em função dessa mobilização já fizemos algumas reuniões com grupos menores, com grupos de queijeiros por cidade, e uma grande reunião estadual com a presença do governador Jackson Barreto no Palácio de Despacho. Este encontro é mais um passo importante onde o município de Glória promoveu o 2º Encontro de Queijeiro do Alto Sertão Sergipano com a participação dos pequenos, médios e grandes produtos, estudantes e professores do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e Universidade Federal de Sergipe UFS, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Empresa de Desenvolvimento Agropecuário do Estado (Emdagro), Banco do Estado de Sergipe (Banese), Administração Estadual do Meio Ambiente( Adema) e a própria Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) para apoiar os pecuaristas e produtores com ações concretas”, relata Esmeraldo.
Ações concretas
Durante o encontro as instituições tiveram oportunidade de relatar as medidas que estão em andamento. O representante da Emdagro, Ariosvaldo Bonfim, mostrou o diagnóstico da Empresa em relação às queijarias, e apresentou três propostas de plantas estruturais pré-aprovadas e dentro dos padrões sanitários. Segundo Ariosvaldo, as plantas e todos os cálculos estruturais serão entregues gratuitamente aos produtores, conforme o interesse e necessidade de cada um. A empresa pública de assistência técnica também é responsável pelo cadastramento das queijarias e destacou que 67 já procuraram a Emdagro para fazer as adequações necessárias para receber o selo de regularidade.
O Banco do Estado de Sergipe atuará com novas linhas de Crédito Rural emergenciais. Pela proposta do Banco, o ‘Crédito Rural – Cadeia Produtiva Do Setor Queijeiro Sergipano’, objetiva mitigar os impactos socioeconômicos apresentados por toda a cadeia produtiva do leite, para isso, foi desenvolvida uma linha de crédito de desenvolvimento para promover a adequação, modernização e ampliação das queijarias para que elas possam voltar a produzir dentro de modernas normas técnicas e atendendo as condições sanitárias de produção.
As instituições IFS e UFS se colocaram como parceiros à disposição para dar orientações técnicas com palestras, ajudando nas boas práticas e disponibilizando laboratórios. A própria Prefeitura de Glória também entusiasmada no apoio está ajudando na mobilização e organização dos eventos com os produtores.
O secretário Esmeraldo Leal destacou o empenho do governador Jackson Barreto de que tenhamos um setor produtivo dos derivados do leite forte organizado e dando a qualidade que o consumidor do estado precisa e de fora do estado, já que Sergipe é um grande exportador. Ele avalia que o encontro foi muito produtivo, inclusive pelo testemunho dos próprios produtores que consideram este como mais um passo importante na solução definitiva das queijarias do estado de Sergipe.
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