Estamos no mês de novembro, e a semana da emancipação chegou e nossa querida Monte Alegre que completa mais um ano de emancipação política.
No dia 25 de novembro o município estará completando 64 anos, mas até chegar a condição de cidade, aconteceram diversos fatos que desencadearam assim no processo de formação, da identidade cultural e politica desse povo acolhedor e hospitaleiro.
Antes de se tornar cidade, Monte Alegre era uma Fazenda que passou por algumas fases, onde durante um longo período foi território de Porto da Folha por longos 90 anos antes mesmo de se tornar povoado, depois ainda passou mais 24 anos sendo povoado de Nossa Senhora da Glória.
Até que em 1954, teve sua Emancipação Política Reconhecida, ou seja , da chegada dos primeiros habitantes até o ano de 1954, passaram-se longos 124 anos.
Dentre diversos fatos históricos importantes que aconteceram em solo monte-alegrense, destacaram-se, além da chegada dos colonizadores, a Faz. Olinda, também a “festividade de lançamento do nome da nova povoação” no ano de 1920, com a inauguração da feira livre que se tornou ao longo do tempo, uma das maiores feiras do interior sergipano.
Para se chegar até tal ponto, vamos voltar no tempo, dos dias atuais a exatamente 187 anos, em basicamente meados dos anos de 1830, quando aqui chegaram os primeiros moradores.
A motivação principal desse processo de chegada dos primeiros habitantes, foi através de algumas revoltas que aconteceram no interior da Bahia, onde grupos armados depredavam fazendas daqueles que eram a favor da república e entre aqueles que eram contra, tornando assim o ambiente bastante violento em algumas localidades no interior do Estado ainda no século XVIII.
Em uma dessas revoltas, o Sr. Nestor, fazendeiro respeitado na região de Geremoabo, muito conhecido, pai de Januário e Leandro, não aceitou fazer parte dessas “movimentações” e acabou ficando mal visto na região, sendo considerado assim um desertor por outros fazendeiros da região.
Fato este que aconteceu muito antes da Guerra de Canudos, onde o país naquele momento passava por uma mudança histórica de transição do regime monarquista imperial para o regime da presidencialista, que no Brasil teve início no dia 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a república pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, términando assim o período imperial.
Por esse motivo, o Sr. Nestor e toda a família passaram a ser perseguidos, e com o passar do tempo, foram cometidos diversos crimes em sua fazenda a ponto até de correr risco de perder a vida e o sossego .
Com o agravamento do problema, os dois filhos Januário e Leandro, em defesa do seu pai em uma dessas invasões, acabaram tomando algumas “atitudes” que resultou na morte de um invasor.
Segundo a escritora Valdete Alves, Januário para não vê o pai morto, acabou tirando a vida do “invasor”, e por conta disso, tiveram que planejar como seria a situação a partir daquela situação pois passaram então a serem ameaçados de morte.
Nestor, como era um homem de muito respeito, conseguiu através de um padre uma “carta de recomendação” para assim enviar os dois filhos a uma terra distante, que foi a Ilha de São Pedro em Porto da Folha.
Com medo e o coração “partido”, o Sr Nestor obriga Januário e Leandro a irem embora para Sergipe. Os jovens, partiram no sentido Serra da Guia, Poço Redondo, até chegar as terras onde situa-se o município de Porto da Folha.
Atravessaram um verdadeiro “mar” de caatinga seca e ao chegarem a ilha dos índios, encontraram um Jesuíta conhecido por Frei Doroteu, que por motivos ainda desconhecidos orientou os jovens quanto à questão da direção a ser tomada, inclusive encaminhou juntamente com os dois rapazes baianos, um casal de indio e um jovem proveniente da cidade de Gararu.
O Jesuíta tinha muito conhecimento, principalmente sobre a história e a cultura, de toda a região do Baixo São Francisco, principalmente sobre a questão da “Invasão Holandesa”, que tinha acontecido há um certo tempo atrás.
Acredita-se que o Frei também tinha intenção de colonizar essa área, por ter conhecimento, sobre supostamente uma espécie de “Ponto de apoio dos holandeses”, que era uma Casa toda construída de barro, “abandonada no meio da floresta, da Caatinga”.
Os primeiros habitantes que aqui chegaram primeiro foram:
Januário Farias, Leandro Farias (ambos naturais de Geremoado-Ba), José da Costa Soares (natural de Gararu) e o casal de índios Caboclinho e Maria Ciriaca (ambos naturais da Ilha de São Pedro em Porto da Folha). Todos chegaram por volta dos anos de 1835 a 1836.
A realidade é que esses viajantes vieram parar exatamente na frente de um Casarão antigo e abandonado no meio do “nada”, em meio há uma imensa floresta e em um local bastante alto de vista ampla. Dentro da casa foi encontrado, além de um cadáver com roupas vermelhas, diversos utensílios, entre eles espadas, e ferramentas e uma frase na parede que dizia:OLINDA, OLINDA DEZEMBRO DE 1641, data que coecide com o ano em que a esquadra do comandante Andreias ocupou o Porto Das Pedreiras e apoderou-se de São Cristovão.
Segundo os mais velhos, o local ainda hoje é cheio de mistério onde até os dias atuais deixa uma interrogação muito grande, principalmente se realmente foi “achado” ou se o realmente já sabiam sobre a existência desse monumento histórico.
Enfim, após a chegada desses colonizadores, Januário e Leandro ficaram morando no Casarão da então “Fazenda Olinda”, José da Costa Soares povoou a Fazenda Taxas e o casal de índio Caboclinho e Maria Ciriaca , construíram um casebre as margens do Rio Capivara, onde viveram por anos.
Após alguns anos, Januário Fárias, seguindo em direção ao norte da Fazenda Olinda, encontrou “terras livres”, levando a conhecimento da Sede em Porto da Folha que logo autorizou ao colonizador fixar residência nascendo ali a “FAZENDA NOVA”, que ficava ao lado da atual Igreja Católica de Monte Alegre.
A Fazenda era uma localidade bem centralizada e atraente, era um local onde existiam muitas árvores, muitos pássaros e aos poucos acabou se tornando rota de comerciantes, pois com o passar do tempo, acabou atraindo muitas famílias, que residiam nas proximidades da fazenda, que nesse período ainda pertencia ao Município de Porto da Folha.
Com um crescimento populacional bastante significativo, em meados do ano de 1919, surgia assim a necessidade de mudança de categoria de Fazenda para povoação.
Segundo a Professora e Historiadora, Valdete Alves, Januário já bastante idoso, orientado pelo seu filho Inácio, tinha a intenção de fazer essa mudança de categoria de Fazenda para povoado.
Segundo a escritora, “Lima Buraqueiro” (comerciante de Porto da Folha), que já comercializava seus produtos por aqui, sendo muito amigo de Januário propôs que nesse dia ocorresse um dia de feira, com muita festa e também uma missa para abrilhantar esse novo acontecimento.
A ideia foi acatada e José Inácio, a pedido do seu pai, saiu à procura de alguns moradores e fazendeiros da época para disseminação da ideia. Ficando assim combinando com os demais, que o nome da nova povoação seria escolhido a partir da seleção do nome de alguma das fazendas existentes naquela época.
Ainda em 1919, os interessados se reuniram na casa de Januário para definição antecipada do nome da nova povoação. Estavam presente:
Januário Farias (Fundador e Patrono da futura cidade), José Inácio de Farias(articulador principal), João Alves Lima (idealizador da festividade), e os moradores Francisco Alves da Silva, Francisco Plácido Xavier, Gustavo Melo, Guilherme Ferreira, Juarez Plácido Xavier, Manoel Rodrigues Cabelê, Manoel Ferreira de Paula e Manoel Ferreira dos Santos.
Após apresentação e discussão sobre qual seria o melhor nome, foi escolhido por unanimidade o nome Povoado Monte Alegre Novo em homenagem a Fazenda Monte Alegre que passou a se chamar de Fazenda Monte Alegre Velho.
Mediante muito esforço, no dia 1º de Janeiro de 1920, aconteceu a festividade de lançamento do nome da nova povoação com muita música, acompanhado de um dia de feira e uma missa para celebrar o nascimento do POVOADO MONTE ALEGRE NOVO.
O local onde aconteceu toda a festividade incluindo a 1ª feira e a missa, foi em frente a casa de Januário que ficava localizada ao lado esquerdo de onde hoje é a Igreja Católica. Com o passar do tempo, a feira passou a acontecer aos domingos, por ser o primeiro dia da semana, e acabou se transformando em uma das maiores feiras do interior do estado, historicamente se tornou um verdadeiro ponto de encontro entre os agricultores, feirantes e a população.
Izaque Vieira / Redação Portal Sou de Sergipe