Em meio a pandemia do novo coronavírus, investidores estão mais cautelosos devido a instabilidade do mercado. Investidores que passaram a investir em fundos multimercado para ter uma maior rentabilidade estão recuando e trocando por investimentos mais conservadores.
Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), mostra que as categorias de fundos multimercado, que investem partes de seus recursos na renda fixa sofreram com uma retirada de R$ 5,5 bilhões somente no mês de março deste ano, no início da pandemia no Brasil.
O que são fundos multimercados?
Os fundos multimercados são aplicações bastante atrativas por darem bastante liberdade e autonomia para os investidores. Estes fundos são compostos por diferentes ativos, que vão desde ações, a títulos públicos do Tesouro Direto, CDBs, câmbio, entre outros.
Nesse formato de investimento, os investidores conseguem diversificar bastante o uso de seu capital, compondo os fundos com ativos de renda fixa e variável. Isso também aumenta as possibilidades de maior rentabilidade, assim como traz mais riscos, já que os ativos que compõem os fundos multimercados estão suscetíveis às oscilações do mercado.
Mesmo com mais liberdade e autonomia em relação a diversificação de investimentos, os investidores que apostam em fundos multimercados não podem cuidar sozinhos de seus investimentos, eles precisam contar um gestor responsável para aplicar o capital e analisar as melhores oportunidades de mercado.
Gestores de fundos multimercados estão revisando carteiras para aproveitar novas oportunidades
Com a pandemia abatendo os mercados de ações por todo o mundo, a queda do petróleo e outros produtos importantes estão fazendo com que gestores de fundos multimercados reduzam posições compradas na bolsa nacional. Gestores de fundos de ações estão apostando em papéis de menor risco e estão de olhos para novas oportunidades.
O economista Luiz Eduardo Portella, gestor da Novus Capital, explica que os gestores vêm reduzindo posições na bolsa para evitar perdas com as quedas das bolsas de valores de todo o mundo. Ele explica que com as instabilidades do mercado podem surgir boas oportunidades, mesmo com as incertezas atuais.
De acordo com uma análise do economista Samuel Ponsoni, chefe de análise de fundos da XP Investimentos, a maior parte dos gestores de fundos multimercados reduziram posições, porém alguns deles ressaltam que o nível dos preços atuais tornam algumas ações mais atrativas, principalmente por conta das consecutivas quedas da Ibovespa.
Carteiras de fundos multimercado conseguem diluir riscos e diminuem perdas
O simulador de investimentos da consultoria Smart Brain já identificava perdas por conta do coronavírus antes que a pandemia começasse a se disseminar no Brasil. Os fundos multimercado que acumulavam aumento de 1,27% até o dia 19 de fevereiro deste ano, começaram a acumular uma perda logo na semana seguinte.
No dia 26 de fevereiro, quando o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, as carteiras desses fundos acumulavam uma perda de 0,05% em apenas uma semana, se desvalorizando inclusive abaixo do CDI.
Em março, as carteiras de fundos multimercado reagiram e fecharam o primeiro trimestre com um performance de 0,41%, ainda assim atrás do CDI com 0,71%. Em épocas de turbulência no mercado é importantíssimo ser bastante criterioso, por isso os gestores estão reduzindo posições e apostando em ativos de renda fixa em relação a fundos de renda variável.
A maior parte dos gestores de fundos multimercados está adotando estratégias mais cautelosas por conta da instabilidade do mercado. Muitos não possuem uma visão bastante otimista e não esperam que haja benefícios para os investidores desses fundos quando o mercado melhorar.
Para eles, até que o cenário fique mais claro e previsível, o momento é de extrema cautela com os investimentos. Uma aposta em oportunidades que ainda não se confirmam pode ser um “tiro no pé”, principalmente, em fundos multimercado que são considerados investimentos de alto risco.
Porém, também existe a parcela de gestores que apostam em uma posição mais positiva. Mesmo assim, eles pretendem adicionar proteção à carteira. Alguns pretendiam aumentar posições antes da crise do coronavírus, mas recuaram com o avanço da pandemia.
A maior parte dos entrevistados ressalta que a Ibovespa deve sofrer um impacto negativo leve, e com isso deve continuar atrativa quando a pandemia passar. De acordo com os gestores, as principais dúvidas em relação ao impacto do coronavírus no mercado se devem as possíveis medidas tomadas por autoridades de diversos países para conter a crise econômica.
A expectativa de uma recessão global após o controle da pandemia é inevitável. Cerca de 170 países devem ver suas economias encolherem em 2020. Forçados a uma parada abrupta da economia, investidores precisam se resguardar ao máximo para diminuírem suas perdas.
Os gestores de fundos multimercados devem manter posições mais conservadoras, mesmo os mais otimistas. A expectativa é que a pandemia seja controlada no segundo semestre e que os mercados possam ter alguma previsibilidade.