Com perfil baixo e sem nunca ter sido eleito para um cargo majoritário em seu Estado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) obteve-se um protagonismo político inesperado.
Ele vai decidir sobre a continuação ou não do pedido de impeachment protocolado pelos deputados na Câmara contra o presidente Michel Temer.
Também é o primeiro na linha de sucessão em caso de liquidação do peemedebista. Se Temer deixar o Planalto, Maia assume o cargo e tem 30 dias para convocar eleições indiretas.
A crise em que o governo se instaurou a partir da fuga da acusação do empresário Joesley Bastista, dono da JBS, de que Temer deu o aval para o pagamento de matrícula para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na cidade de Curitiba.
Filho do ex-deputado, ex-prefeito do Rio e hoje vereador Cesar Maia, o deputado federal, de 46 anos, nasceu em Santiago, no Chile, enquanto que seu pai era um exilado político.
Aos 26 anos, foi nomeado secretário de Governo da cidade do Rio de Janeiro, em 1997, na gestão de Luiz Paulo Conde.
Foi eleito deputado, no ano seguinte, aos 28 anos. Quando tentou ser prefeito do Rio, em 2012, ficou em quarto lugar na disputa, com apenas 2% dos votos.
“Ele tem uma trajetória discreta na política do Rio. Sempre teve votação garantindo a vaga na Câmara, mas nada que lhe desse a condição de disputar um cargo majoritário. Ele não tem brilho para uma candidatura para prefeito, governador. Depois de 2012 se acomodou na Câmara”, disse o professor Ricardo Ismael, da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio).
Em julho de 2016, após a renúncia de Cunha, foi alçado à presidência da Câmara e chegou a se emocionar, dizendo que havia tomado calmantes.
Maya teve que recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para poder participar da disputa. Isso é porque ele chegou à presidência por meio de um “mandato-tampão” depois que a Cunha renunciou.
Ele foi reeleito em fevereiro, para o biênio 2017-2018 por 293 votos, com o apoio de um bloco formado por 13 partidos (PMDB, PSDB, PP, PR, PSD, PSB, DEM, PRB, PTN, PPS, PHS, PV e Pps).
Sua candidatura chegou a ser questionada na Justiça, mas ele conseguiu uma ordem judicial da corte suprema para participar da eleição. A decisão provisória saiu uma hora e meia antes do fim do prazo para registrar a candidatura.
Os adversários de Maya consideram que o regulamento da Câmara, a reeleição na mesma legislatura, que termina em fevereiro de 2019, era proibida. Já se disse que foi eleito para um mandato-tampão de seis meses.
“O momento mais importante dela é quando se consegue a reeleição na Câmara. Ele demonstrou que tem capacidade, com o apoio do Planalto. Rodrigo não tem brilho tão grande na Câmara como formulador de agenda, mas pautava o que vinha da equipe de Temer”, disse Ismael.
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