No Brasil, seca não significa apenas falta d’água na torneira. Significa também falta de luz. Com uma matriz energética fortemente baseada em hidrelétricas, o País se depara com o risco de apagões quando a estiagem se prolonga. E, no Nordeste, ela já dura cinco anos. Em novembro, dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostravam que a barragem de Sobradinho operava com apenas 5,69% de sua capacidade – cidades antes submersas pelo rio São Francisco voltaram a ser vistas na superfície.
É nesse contexto que gera impacto o acordo firmado pela GE e pela CELSE (Centrais Elétricas de Sergipe) para instalar a maior e mais eficiente usina a gás do País, em Barra de Coqueiros, município da Região Metropolitana de Aracaju. A usina Porto de Sergipe poderá gerar até 1.516 MW de energia – o suficiente para atender 15% da demanda por energia no Nordeste. O projeto já está em execução, com o início das operações previsto para 2020.
A novidade deve estimular o desenvolvimento econômico local, destaca Eduardo Maranhão, presidente da CELSE. Não só pela disponibilidade de energia elétrica como também de GNL (gás natural liquefeito) – a estrutura criada para receber o combustível terá capacidade para atender outras empresas no futuro. “Hoje, o País conta com terminais para importação de GNL no Rio de Janeiro, na Bahia e no Ceará. Com o Terminal Marítimo Inácio Barbosa, em Sergipe, teremos mais com¬petitividade para o setor.”
O projeto também pode fazer diferença do ponto de vista ambiental. Embora seja uma fonte fóssil, o GNL é uma opção muito mais limpa que o diesel e o carvão, usados hoje em dezenas de termelétricas no País. “A nova usina traz a chance de aposentar termelétricas antigas, mais poluentes. Com GNL, temos 90% menos emissões, se comparado com as termelétricas a diesel”, afirma Daniel Meniuk, diretor executivo da GE Power. Segundo ele, as termelétricas funcionam como um sistema de backup para as fontes de energia renováveis – como eólica e solar. “Como essas fontes passam por variações sazonais, as termelétricas ajudam a equalizar a produção de forma confiável”, afirma Meniuk, reforçando que apostar na diversidade é a melhor estratégia para o grid.
Além disso, a usina Porto de Sergipe é um belo exemplo de como GE Store faz a diferença na hora de oferecer soluções inovadoras para atender à crescente demanda energética no Brasil. Nesse projeto, a GE vai liderar o processo de construção da planta e fornecer equipamentos responsáveis pela geração e transmissão de energia, como transformadores fabricados no Brasil. Ainda, para garantir energia segura, eficiente e confiável, a GE irá construir uma subestação de 500 kV dentro da usina, ampliar uma subestação existente com a inclusão de uma baía e instalar 33 km de linhas de transmissão. Com a aquisição da Alstom Power & Grid, um portfólio completo foi composto para oferecer soluções no setor de energia, que vão da geração até a transmissão de eletricidade. Hoje os equipamentos da empresa já são responsáveis por mais de 33% de toda a energia produzida no País, o que dá mais de 47 GW.
SOLUÇÃO COMPLETA
O contrato, de US$ 900 milhões, é do tipo “turn key” – ou seja, a CELSE receberá tudo pronto da GE, que também vai conectar a usina à rede de alta tensão, construindo as linhas de transmissão até a subestação mais próxima, a 30 km de distância. A grande vantagem desse modelo é que ele mitiga os riscos de execução, afirma Maranhão. E acrescenta: isso se reflete também na disposição dos bancos para financiar o projeto. O contrato ainda dá para a GE a operação e a manutenção da planta por 25 anos.
Um dos destaques da iniciativa é o uso das turbinas 7HA – classe que foi agraciada com o Guinness World Records, em junho, graças a sua eficiência. A conquista resulta de vários avanços, ressalta Meniuk, citando dois diferenciais da HA: materiais extremamente resistentes a altas temperaturas e um combustor que alia sensibilidade e precisão. Esta será a primeira do tipo a ser instalada no Brasil. A usina Porto de Sergipe integra o futuro Complexo de Geração de Energia Governador Marcelo Déda, que contará com outras duas usinas e será capaz de gerar, ao todo, 3 GW. Toda a iniciativa foi licenciada em conjunto, conta Maranhão. Mas o prazo final para a instalação do complexo depende da realização, por parte do governo, de novos leilões de obras de energia nova.
Comente sobre esse post