Obrigado a improvisar um álibi depois de pilhado em flagrante delito, o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, caprichou no papel de inocente indignado. “É fake news”, berrou. Mentiroso é quem se nega a enxergar a revogação do direito de propriedade no seguinte trecho do decreto que mantém o estado de calamidade pública em território sergipano: se a medida contribuir para o combate à pandemia de coronavírus, o governador poderá “requisitar bens móveis e imóveis privados, serviços pessoais e utilização temporária de propriedade particular”.
Belivaldo alega que a medida é autorizada pelo governo federal. Autorizar não é sinônimo de obrigar. Os governantes estão dispensados de infiltrar essa monstruosidade inconstitucional em decretos semelhantes. Benivaldo também jura ter apenas reeditado o decreto anterior, que já previa o confisco. Se é assim, está confessando que é reincidente: faz muitos meses que se concedeu o direito de tomar o que é dos outros. Deveria primeiro tentar explicar onde foram parar os bilhões que choveram em 2020. Ou Belivaldo justifica a gastança ou admite que ajudou a engordar o Covidão.
por Augusto Nunes