O cenário de uma busca e apreensão era quase de desistência, durante a Operação Luz na Infância, deflagrada em todo o país em agosto de 2018. Após mais de três horas de buscas e com informações privilegiadas oriundas da central de inteligência da Secretaria Nacional da Segurança Pública (Senasp), investigadores da Polícia Civil e peritos sergipanos procuravam em uma residência na Zona Norte de Aracaju arquivos de exploração sexual em dispositivos eletrônicos.
A prisão em flagrante de um pedófilo seria possível apenas com a visualização desses arquivos e eles foram encontrados, após uma longa busca, com técnicas utilizadas por peritos especializados na área de computação forense, um dos ramos técnicos da perícia no estado. A seção de Computação Forense é o setor especializado da perícia sergipana para exames e laudos periciais em dispositivos eletrônicos utilizados nessas ações criminosas.
O setor é o responsável pelas análises nos mais variados tipos de dispositivos de tecnologia. Os peritos da Computação Forense do Instituto de Criminalística (IC) fazem exames e emitem laudos periciais a partir da verificação de pendrives, celulares, computadores e em outros dispositivos que podem armazenar e esconder as fotos e vídeos que configuram a prática de crimes, como os de estupro de vulnerável. É por meio desse trabalho que o inquérito policial se torna mais robusto para a consolidação de prisões.
Além de verificar a existência de vestígios desse crime, a perícia nos equipamentos eletrônicos também pode atestar a presença de conversas e mídias relacionadas a outras ações criminosas, como o tráfico de drogas. A seção de Computação Forense tem atuado de forma cada vez mais célere para a elucidação de crimes cometidos através de meios digitais. Segundo os dados do Instituto de Criminalística, no ano de 2017 foram feitos 65 exames periciais em dispositivos eletrônicos, que resultaram na emissão de 35 lados.
Neste ano, o número de exames e laudos periciais subiu consideravelmente, conforme detalhou o perito criminalístico Alex Sávio. “Durante este ano, mesmo em face da pandemia, o setor já produziu 431 laudos, quatro informações técnicas e examinou 1.324 equipamentos, contribuindo para reduzirmos para 928 a quantidade de dispositivos que aguardam análises. Esse número já esteve em, aproximadamente, 1.500 equipamentos pendentes”, detalhou.
O diretor do Instituto de Criminalística (IC), Luciano Homem, destacou que os números refletem os investimentos na seção de Computação Forense da instituição feitos pela SSP. “Os resultados alcançados são frutos de investimentos realizados pela Secretaria de Segurança Pública nos últimos anos. O trabalho pericial envolve ciência e tecnologia e é fundamental que estes investimentos ocorram para que tenhamos sucesso na elaboração de laudos periciais mais robustos, que são fundamentais para auxiliar as investigações e processo judiciais”, frisou.
Seção de Computação Forense
A seção foi criada em 2016. Inicialmente, os casos eram analisados com o auxílio do laboratório da Polícia Federal. No início de 2018, a unidade do Instituto de Criminalística recebeu o aparelho extrator de dados de dispositivos móveis UFED Touch 2, dois duplicadores forenses (Tableau TD 3) e um dispositivo de armazenamento com capacidade de 80 terabytes, além de três estações de trabalho.
Recentemente, através de recursos federais, foi adquirida mais uma licença do extrator de dados em dispositivos móveis. A aquisição permitirá ainda mais celeridade na realização dos exames em dispositivos móveis, como celulares e tablets.